À convite da Voo, Luciane Valls, autora do recém-lançado “Criatividade Contagiante”, respondeu a algumas questões sobre “Criatividade” e os bastidores por trás da criação de seu primeiro livro.
Confira abaixo!
Luciane Valls – Para contagiar criatividade! A criatividade é encantadora pois pensar de forma criativa proporciona muitas possibilidades. Acredito que a criatividade não é apenas uma competência que todos devemos desenvolver para estarmos mais preparados para os desafios desse mundo tão complexo, mas também algo que merecemos. A criatividade está associada ao bem-estar emocional. Pensar de forma criativa gera otimismo, autoconfiança e esperança de que seremos capazes de encontrar alternativas para solucionar os nossos desafios. Não tinha sentido eu deixar todos os meus aprendizados e reflexões sobre criatividade apenas para mim. Escrever o livro “Criatividade Contagiante” foi a minha contribuição para tornar as nossas escolas (e o nosso mundo) um lugar um pouco mais alegre e saudável para todos.
Luciane Valls – São muitas. Confesso que é difícil selecionar apenas algumas. Na área da educação criativa, minhas principais referências são E. Paul Torrance, Anna Craft, Ken Robinson e Ronald Beghetto, além de Eunice Alencar, professora emérita da UNB, que desempenhou um papel fundamental no estudo e na pesquisa da criatividade na educação no Brasil.
Luciane Valls – Eu costumo dizer que a criatividade é o melhor presente que recebemos quando nascemos. Na palavra criatividade, consta a palavra vida e, para mim, criatividade é vida. Ela permite que a gente não fique estagnado, busque alternativas, gere novas possibilidades e siga pensando e experimentando constantemente. Criatividade envolve fluxo de ideias, experimentações, ajustes, novas construções. Ela está em constante movimento. Ela é viva e traz vida para nós. Criatividade está relacionada com uma vida mais alegre, intensa, cheia de realizações e significado. A criatividade é muito potente. Isso é criatividade para mim.
Luciane Valls – Há duas coisas que eu espero muito que aconteça após a leitura desse livro. A primeira é que ele traga clareza sobre a importância crescente da criatividade nas nossas vidas e inspiração para os leitores fortalecerem a sua própria criatividade. A segunda está relacionada a algo que eu escrevo no último capítulo do livro, chamado Criafetividade. Eu espero que a leitura inspire os leitores não só a buscarem ser mais criativos, mas a usarem a sua criatividade para promover o bem para todos. Se tivermos pessoas capazes de pensar de forma criativa e preocupadas em causar impactos positivos, seremos capazes de construir um mundo melhor para todos.
Luciane Valls – Não. Esse é um grande equívoco. E é por isso que eu escrevi um livro que pode ser usado tanto em escolas privadas quanto em escolas públicas. Para mim, a única “tecnologia” realmente essencial para a promoção da criatividade é o nosso cérebro. O principal investimento é uma formação séria para professores e gestores educacionais. Ensinar os alunos a pensar de forma criativa envolve valorizar o observar, o perguntar, o aprender, o imaginar, o brincar, o construir, o persistir… Para isso, mais do que grandes investimentos em estrutura ou tecnologia, precisamos da criação de um espaço seguro onde os estudantes possam aprender de forma legítima, com direito a experimentar, errar, refletir, ajustar, colaborar. O investimento em espaço físico e recursos tecnológicos pode contribuir, mas, se ele não estiver alicerçado em um entendimento claro do que é essencial para o processo criativo, ele não fará milagres. Muitas vezes, pode ter até o efeito contrário.
Luciane Valls – Eu vou trazer três razões. Primeira: uma escola que promove a criatividade permite que seus estudantes desenvolvam uma das principais competências exigidas pelo sociedade atual e prepara-os para lidar com os desafios de um mundo em constante mudança. Segunda: a aprendizagem criativa é uma aprendizagem que ocorre em um nível mais profundo. Ela não fica restrita à mera memorização ou reprodução do conhecimento, mas envolve níveis mais elevados de pensamento. Terceira: pensar de forma criativa está associado ao bem-estar emocional. Quem não gostaria que seus filhos estudassem em uma escola que os prepara, de verdade, para o futuro, promove aprendizagens mais profundas e significativas e, ainda por cima, favorece a saúde mental?
Luciane Valls – Originalidade é condição necessária, mas não suficiente para a criatividade. Quando pensamos em algo criativo, pensamos em algo novo, que não existia antes e, portanto, algo original. Porém, isso não basta. A ideia original, para ser criativa, precisar agregar algum valor. Ela precisa ser útil, resolver algum tipo de problema, gerar uma nova alternativa, ser adequada a uma determinada situação. Nas escolas, essa distinção é fundamental. Não queremos que os estudantes sejam capazes de dar respostas diferentes apenas para chamar a atenção ou serem excêntricos. Queremos estimular a originalidade dos nossos estudantes para que eles possam aprender de forma mais significativa, resolver problemas mais complexos e criar novas soluções.
Luciane, recebi, li e adorei seu livro. Que livro fascinante! Um universo de ideias criativas, dicas de atividades, de artistas, de livros e muita fundamentação teórica. Quanta generosidade em partilhar tanta pesquisa e conhecimento. Que este livro abra a cabeça e o coração de muitos professores para que promovam uma educação “criafetiva”. Parabéns!